COP15 e Aquecimento Global

Conferência sobre Mudanças Climáticas, números suspeitos de Al Gore e aquecimento global.

A Cúpula das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), realizada em Copenhagen, Dinamarca marcou a agenda mundial e a mídia neste final de 2009.

Para o chefe da delegação chinesa, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP15, terminou ontem com sucesso. Para o presidente americano, Barack Obama, as discussões levaram a “avanços significativos”. Para a maioria em Copenhagen, porém, o clima ao fim da esperada cúpula era outro completamente diferente: frustração.

Todos os países aceitaram trabalhar para não permitir que a temperatura média global aumente mais do que 2 ºC até o final do século. O problema é que o texto final não tem caráter jurídico, como queriam muitos emergentes. Segundo o acordo, cada país deverá apresentar, até o mês que vem, suas promessas de cortes de emissão de poluentes. As negociações devem continuar ao longo de 2010, para tentar um tratado que tenha força de lei e obrigue as nações a cortar emissões a partir de 2012, quando o Protocolo de Kyoto (de 1997, não assinado pelos EUA) perder sua validade. O presidente francês Nicolas Sarkozy afirmou que “Na COP da Cidade do México, em 2010, deveremos transformar esse acordo em um tratado”. Países ricos devem reduzir a emissão em 25% a 40% em relação a 1990. Metas dos emergentes dependerão de inventários bienais. Financiamentos ajudarão países pobres nas reduções.

Fonte: Zero Hora / Canal Rural
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2753870.xml&template=3898.dwt&edition=13757&section=1014
Dica: veja no link acima matéria completa e o quadro que resume o acordo.

O ministro do Meio Ambiente sueco, Andreas Calgren qualificou a COP15 como “desastre” e “grande fracasso”. Segundo ele “a UE nunca esteve dividida, a liderança européia bateu de frente com a falta de vontade de países como EUA e China; é necessário um sistema que leve em conta não só o interesse dos grandes países como ocorreu na COP, mas também dos pequenos”.

Fonte: Efe / R7.
http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/uniao-europeia-qualifica-cop15-como-desastre-e-grande-fracasso-20091222.html
Veja no link matéria completa e outras matérias sobre a COP15.

Participação brasileira foi elogiada por Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC). Presidente Lula afirmou que as metas brasileiras apresentadas na conferência, de redução das emissões nacionais de gases de efeito estufa ao menos em 36% até 2020 serão consolidadas com força de lei.

Fonte: Efe / R7.
http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/lula-critica-estados-unidos-e-comemora-acordo-da-conferencia-do-clima-20091221.html e
http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/presidente-do-ipcc-destaca-participacao-do-brasil-em-copenhague-20091223.html

COP15: nossa avaliação

Acredito que o primeiro grande resultado da Conferência seja realmente esse: ter gerado discussão, ter “acordado um pouco mais” o mundo sobre este tema. “Mais de 100 líderes mundiais presentes admitiram que a mudança climática é um grande desafio”, declarou Rajendra Pachauri.

COP15 fotos

Infelizmente, faltou encerrar o evento com um documento de valor jurídico, um tratado internacional com metas claras de redução de emissões. Por este ângulo, a COP foi um fracasso, e adiou para 2010 uma resolução concreta.

Os EUA, como grandes poluidores, já não assinaram o Protocolo de Kyoto, apesar de que estados (individualmente) tenham assinado compromissos (como a Califórnia). Obama pode ter uma imagem “mais verde” que Bush, mas a participação dos EUA em Copenhagen não contribuiu (e talvez tenha atrapalhado) para um comprometimento real.  Aqui no Brasil, divergências no discurso dos ministros, mas um exemplo para o mundo, em levar sugestões de metas relevantes para redução de emissões daqui.

Verdades, Mentiras e Conveniências

Dias antes da COP 15 o mundo é “balançado” com uma notícia, de que os dados contidos no documentário “Uma Verdade Inconveniente” e em relatórios do IPCC seriam falsos.

O documentário é uma coletânea de palestras de Al Gore (ex-vice-presidente dos EUA) acerca do aquecimento global. Segundo Gore e suas fontes, a temperatura da Terra está aumentando de forma não natural e a ação humana tem contribuído para isto. Davis Guggenheim, diretor do documentário, recebeu o Oscar 2007 por este trabalho (na cerimônia de premiação estava acompanhado de Gore). Também em 2007, por sua militância ambiental, Al Gore recebeu o Prêmio Nobel da Paz, junto com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC).

Em Novembro/2009, pouco antes da COP15, surgiu uma denúncia de que o CRU-EA, Climatic Research Unit, departamento da Universidade de East Anglia, em Londres, teria forjado informações para exagerar a participação do homem no aquecimento global. Os dados do CRU-EA serviram de base para os relatórios do IPCC, para as palestras de Al Gore (e logo, para o citado documentário, “Uma Verdade Inconveniente”). A denúncia veio de e-mails hackeados de acadêmicos. Diante disto, dois membros da Academia de Cinema pedem que Guggenheim devolva o Oscar. Ambos são conservadores e um deles já trabalhou para o governo Bush.

Condensado de revista Rolling Stone:
http://www.rollingstone.com.br/secoes/novas/noticias/membros-da-academia-querem-tirar-oscar-de-al-gore/
Veja também a matéria em inglês, do Times Online, sobre o escândalo “climategate”:
http://www.timesonline.co.uk/tol/news/environment/article6936328.ece

Inconvenient Truth (Verdade Inconveniente) - Al Gore

Comentário

Quando assisti ao documentário “Uma Verdade Inconveniente” cheguei a algumas conclusões:

  • Al Gore dá um show de oratória (a arte de falar em público), apresentações bem estruturadas, ilustradas, excelente expressão facial e corporal do apresentador, impostação de voz perfeita. Some isto aos recursos de produção cinematográfica e temos um excelente vídeo, de excelentes palestras.
  • Antes mesmo do “climategate” pensei, “Al Gore é político e militante, talvez os dados estejam exagerados, inflados ou camuflados, para sustentar uma tese”. Mas também pensei, “antes pecar pelo excesso de zelo com o meio ambiente do que pela falta, pela política predatória de achar que não é com a gente, de que a Terra é inesgotável”.

Procurei não me concentrar nos números estatísticos e suas fontes e sim na essência da mensagem de Gore “a temperatura da Terra está elevada e o homem tem contribuído para isto”. A discussão toda é o “quanto” a espécie humana é culpada ou pode deter este aquecimento, o que não tira da humanidade a responsabilidade de não poluir, ou ao menos, reduzir a poluição.

Diante das denúncias deste “climategate”, não dá para confiar nos dados apresentados. Mas também não descartá-los totalmente. Lembrei de outro documentário (Fahrenheit 9/11, de Michael More) que mostra a indústria do petróleo bancando a campanha eleitoral de Bush, “motivando” a ignorância das mudanças climáticas e promovendo a guerra no Iraque. Esse pessoal é muito poderoso, e é conveniente para muitos desacreditar o IPCC (e suas fontes) bem na época de uma conferência como estas. Dados a parte, como  já disse, prefiro me concentrar na essência, na sobrevivência da espécie humana.

Nosso Planeta

Não vamos pensar que a emissão de gases e o aumento da temperatura sejam as únicas preocupações que devemos ter quanto ao meio ambiente.  Temos uma só Terra, com recursos esgotáveis, como a água.  Nossa sociedade de consumo está consumindo tanto que daqui a pouco teremos falta, de tudo. Sobre isto, recomendo uma olhada no vídeo The Story of Stuff (A História das Coisas).

Neste ano, eu (profissional de marketing) palestrei para colegas profissionais e estudantes de marketing sobre Responsabilidade Social e Sustentabilidade, tirando o modismo destas palavras e mostrando o quanto estes temas são cada vez de mais importância para os consumidores. Foi válido ali lembrar que Sustentabilidade é resultado do equilíbrio entre demandas ambientais, sociais e econômicas. Não adianta pensar em “não poluir” se junto não vier o pensamento econômico (“produzir sem poluir”) e a preocupação social (“não poluir, não prejudicar a sociedade humana”). A palestra está aqui: https://www.sitecharles.com/blog/responsabilidade-social-marketing/

Cobrar uma postura dos nossos governantes, dos líderes mundiais é importante. E claro, fazer nosso dever. Pequenas coisas são importantes contribuições individuais. Usar racionalmente a água e a energia. Dirigir carro bicombustível (com base na premissa de que o álcool tem impacto ambiental “menor”). Separar lixo para reciclagem. Consumir com responsabilidade (o Instituto Akatu tem dicas interessantes neste sentido).

Aqui mesmo, neste pequeno site, tentamos contribuir. Consideramos o SiteCharles: Mkt. Cidadão, que aborda sustentabilidade, cidadania e responsabilidade, uma forma educativa de preservação. E compensamos a emissão de CO2, tornando o SiteCharles um Green Web site.

Que o início do Século XXI seja marcado pela postura oposta ao pensamento destrutivo da humanidade do século passado.

Por Charles A. Müller.

Imagens: divulgação.

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2 thoughts on “COP15 e Aquecimento Global

  • 09/05/2010 em 21:23
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    Estou mestrando em engenharia civil e iniciando minha dissertaçao aplicando ferramentas de sustentabilidade em um projeto real que estou desenvolvendo. Meu orientador pediu que ficasse a par de tudo que foi apresentado e tratado no COP15, sinceramente, o que vc pode me indicar que agregue valor ao meu trabalho em relaçao a esse encontro? Desde ja agradeço. Celso.

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    • 31/05/2010 em 17:23
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      Olá Celso, minha opinião sobre a COP15 está no artigo acima. Sugiro que visite o site oficial (do governo da Dinamarca), http://en.cop15.dk para maiores informações e também os links que indiquei no artigo.

      Resposta

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