Construção Civil revela otimismo
Entre os dias 24 e 28 de Março ocorreu a Semana da Construção Civil em São Paulo, marcada pelas feiras Feicon, Revestir e Kitchen & Bath. Visitei pessoalmente estes eventos e pude constatar que este importante setor da economia está bem, está investindo e está otimista. Paralelamente, declarações presidenciais do dia 30 trazem ânimo ao setor, com a redução de impostos e programas habitacionais.
Feiras
No Pavilhão de Exposições do Anhembi ocorreu a FEICON BATIMAT (17ª Feira Internacional da Indústria da Construção). “Com a previsão de crescer 5% em 2009, segundo a ANAMACO (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), o setor da construção civil está bastante otimista com a Feira, o que pode ser comprovado com a participação de mais de 650 expositores, de aproximadamente 20 países. Estamos com o Pavilhão completamente lotado e com nossos expositores ávidos para mostrarem suas novidades aos cerca de 160 mil visitantes esperados”, declarou o Diretor da Reed Exhibitions Alcântara Machado, Jair Saponari ao site da Feicon. A tônica do evento neste ano foi “tecnologia e sustentabilidade”.
A Expo Revestir (7ª Feira Internacional de Revestimentos) ocorreu no Transamérica Expo Center. “A Feira, conhecida como ‘fashion week da construção’, espera receber um público de 40 mil pessoas e gerar US$ 145 milhões em negócios, 12% a mais que a edição anterior. São 180 expositores, nacionais e internacionais”, afirma Lauro Andrade Filho, Diretor do evento. Sustentabilidade, toque “natural” e design marcaram os lançamentos.
Também no Transamérica Expo aconteceu a Kitchen & Bath Expo (4ªFeira Internacional de Produtos e Acessórios para Banheiro e Cozinha), “com 60 marcas em exposição, esperando 13,5 mil participantes e um crescimento de 20% em relação ao ano anterior”, segundo a empresa organizadora, Nielsen Business Media.
Comentário do Charles (I)
Ao visitar as feiras notei estandes bem montados (alguns bem grandes e até com “shows” e alguns com novos projetos visuais), muitos lançamentos (alguns despontando tecnologia e design), ou seja, apesar da propagada “crise”, as exposições não perdiam em nada para anos anteriores, pelo contrário, tem gente investindo até mais.
Só lamentei que a Revestir / K&B foi lá no Transamérica e não no Center Norte (mais perto do Anhembi, logo, perto da Feicon), fazendo com que os visitantes tenham que praticamente atravessar a cidade de São Paulo para estar nos dois lugares.
Em conversa com alguns expositores, fiquei sabendo que algumas empresas reduziram quadros e que a maioria não efetuou cortes, embora ninguém fale nem em contratação de pessoal, nem em grandes investimentos. Apenas de uma ouvi que “estamos reagindo a esta crise justamente com mais investimentos”. Creio que o investimento nas feiras foi mantido por ser considerado “básico” e “indispensável, pois é perigoso não expor onde a concorrência toda está”. Já os investimentos em lançamentos de produtos remontam aos cronogramas do ano passado e já estavam em andamento quando o medo da “marolinha” cresceu.
Ninguém afirmou, contudo, que a crise tenha provocado forte queda nas vendas mas, criou receio por parte do consumidor (incerteza) e por parte da indústria, no sentido de aguardar mais antes de novos investimentos. “Estamos bem, mas você sabe que os melhores carros têm os melhores freios”, informou uma executiva de uma multinacional.
Outra inevitável e inquestionável tendência é a preocupação em se desenvolver materiais e erguer obras com responsabilidade ambiental, ou seja, é a sustentabilidade na construção, tema que já abordamos aqui no SiteCharles.com.
Governo olha para o setor
O governo federal anunciou a prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros e caminhões novos por mais três meses. A medida faz parte do pacote tributário lançado hoje (30/03/09) e que também prevê alíquota zero do IPI para 30 itens de material de construção (como cimento, tinta, banheira e chuveiro elétrico). Segundo o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, a redução de impostos está vinculada à manutenção de postos de trabalho. Fonte: Agência Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na manhã desta segunda (30/03/09) que quer que a construção civil seja ‘a mola propulsora’ de geração de empregos no Brasil. Ele disse que o pacote habitacional lançado pelo governo na semana passada pretende ajudar a reduzir os efeitos da crise financeira internacional no país. A informação foi dada em seu programa semanal Café com o Presidente. “Estou seguro que este programa, ‘Minha Casa, Minha Vida’, é uma estratégia ousada e bem elaborada e vai resolver parte dos problemas habitacionais do Brasil”. O presidente não deu prazos, mas espera que as medidas resultem em 1 milhão de moradias, em cidades com mais de 100 mil habitantes. Fonte: Correio (Rede Bahia).
Comentário do Charles (II)
É aquela famosa conclusão “o Governo chegou tarde, mas antes tarde do que nunca”. Não há dúvidas que o setor da construção é um dos mais importantes para a economia do país, não somente pelo dinheiro que movimenta, mas pelos empregos que gera. Houve socorro rápido ao setor automotivo e medidas no setor financeiro (coração da crise), mas faltava um empurrão na cadeia da construção civil.
Já acompanhei outras reduções de IPI (em 2007, por exemplo), onde o impacto foi mais motivacional do que prático, mas agora, com IPI zero, talvez os ânimos melhorem. E as medidas contra o déficit habitacional acabam movimentando as empresas e recriando postos de trabalho.
Charles A. Müller é analista de marketing.
Matéria completa aqui no site, hein? Muito bacana! Também noticiei sobre a reduçaõ do IPI, que será descontado nos cigarros. Seus comentários sobre a Feicon trazem informações em off importantes pra se entender a posição do setor em meio à “crise”.
Charles, parabéns pelo site. Cheguei pelo seu comentário no blog, onde já postei um link para sua matéria. Acho importante que os estudantes de arquitetura e engenharia conheçam esta percepção, de um profissional com um olhar macro para a atual situação. Obrigada pela dica e parabéns mais uma vez. Um grande abraço.
Verdade, a quantidade de emprego que a área da construção civil gera é bastante alto, por isso o governo tem que dar bastante atenção a essa área.
Realmente a construção civil nos últimos anos têm mostrado um alto nível de otimismo. Esperamos que este otimismo se reverta em resultados e lucros para todos, empresários e trabalhadores.