Usando a Internet na campanha eleitoral

A “nova” mídia pode fazer muito pela sua candidatura.

A campanha eleitoral não está fácil. Primeiro pela grande verba necessária para material gráfico, produção eletrônica e eventos – verba esta cada vez menos disponível. Depois, pela descrença crescente do eleitorado e principalmente, pelo que chamo de dispersão da atenção à mídia, ou seja, com o grande aumento da quantidade de meios de comunicação e informação, é cada vez mais difícil prender a atenção das pessoas a programas de rádio e TV.

Daí a Internet surge como um forte aliado dos candidatos:

  • Não há custo de veiculação (pois a mídia é do candidato), nem de impressão (não é papel) e nem de entrega (pois o custo é de quem acessa).
  • O conteúdo pode ser rapidamente corrigido, revisto e atualizado.
  • As informações, na Internet, se espalham rápida e naturalmente.
  • É possível abrir espaço para a voluntária participação do público, sem abrir mão da moderação do comitê.

O problema é que a Internet, apesar dos seus “12 anos” ainda é considerada “muito nova”. Alguns políticos a têm “no sangue e no mouse”. Para outros, é um mistério a desvendar. Mesmos entre os profissionais de marketing, o meio ainda é pouco explorado.

Daí a necessidade de especialistas em marketing de Internet participando das campanhas. Marketing digital não é para amadores.

Até mesmo para a Justiça Eleitoral brasileira o assunto é complexo. A Resolução 22.718 (Instrução 121), do Tribunal Superior Eleitoral cita a Internet como aplicável às regras dos outros meios, o que é correto e contém um capítulo específico (o Capítulo IV).  A instrução pode ser consultada neste endereço:

Basicamente, os candidatos podem ter seus sites no ar até a antevéspera da eleição. O endereço pode ser feito com qualquer terminação, mas costuma-se usar preferencialmente a terminação CAN.BR (de candidato) e o formato (exemplo: fulano99.can.br). O registro do domínio (endereço do site) pode ser feito no http://www.registro.br/.

O que um site de campanha municipal pode conter?

  • Apresentação do candidato a prefeito e do vice, com informações pessoais e profissionais (destacando formação, carreira política e realizações), além de mostrar suas famílias. Esta apresentação pode ser reforçada por fotos e vídeos.
  • Apresentação breve da candidatura, ou seja, “por que você eleitor deve votar nos nossos candidatos”.
  • Propostas de governo, reunidas em um documento para download (preferencialmente em PDF).
  • Página com pedido e informações sobre como contribuir com a campanha (isto dá transparência à candidatura e ajuda na arrecadação de fundos).
  • Páginas específicas tratando da visão e das propostas do candidato a prefeito sobre temas variados (educação, saúde, transporte etc.).
  • Cobertura da campanha: notícias, fotos, vídeos, agenda, cópia dos anúncios e programas de TV etc.
  • Material eletrônico para apoiar militantes.
  • Instruções de “como votar” (pode parecer óbvio, mas é uma informação valiosa).
  • Apresentar a coligação (partidos participantes) e listas dos candidatos a vereador e, através de links, servir de portal para páginas individuais dos candidatos a vereador.

É bom lembrar que as novas tecnologias de comunicação na Internet, permitem ainda:

  • Que o comitê abra algumas páginas para a participação do público e modere esta participação (da mesma forma com que é feito com os blogs).
  • Que o site seja desenvolvido rapidamente, através de sistemas prontos, rapidamente customizáveis (eu, por exemplo, recomendo o WordPress, com que foi feito este site).
  • Que o site do candidato tenha suas informações otimizadas para aparecer bem nos sistemas de busca, como Google e Yahoo.
  • Que o site permita que pessoas interessadas possam acompanhar as novidades diretamente de sues computadores, sem ter que voltar ao site para ver o que há de novo, usando a técnica RSS.
  • A distribuição de informativos por e-mail (usando FeedBurner, por exemplo).
  • Publicar vídeos da campanha (via Youtube), fotos (vida Flickr) e textos rápidos (via Twiter) e claro, exibir todo este conteúdo de forma integrada no site do candidato.

Lembre-se ainda que o eleitor que acessa os sites dos candidatos tem geralmente bom nível de instrução, provavelmente é formador de opinião e procura informações claras sobre quem é o candidato e o que pretende fazer se for eleito. Ele também busca detalhes que não cabem nos “santinhos” ou programas de TV. Isto dá ao site eleitoral a responsabilidade de apresentar o melhor conteúdo da campanha.

A maior demonstração da força da Internet numa eleição é atual corrida presidencial nos EUA. McCain, Obama e Hilary (que já saiu do páreo) usaram exaustivamente a Web. Mas, sem dúvida, o que mais soube usar a rede (e obviamente, teve os melhores especialistas para orientá-lo) foi Barack Obama. A Internet ajudou a transformar um quase desconhecido em favorito, desbancando a famosa ex-primeira-dama. Seu site, http://www.barackobama.com/, faz a trivial apresentação de candidato e propostas, mas, vai muito além. Há um blog, onde Obama e os comitês escrevem para o eleitorado e recebem comentários e uma loja virtual que vende material de campanha. Isso sem falar nos sites específicos para grupos como negros, latinos, jovens, estudantes e muitos outros, a seção People do site abre páginas onde o discurso é direcionado a cada grupo, como o Afro Americans for Obama e o Generation Obama (para jovens).

Obama também faz ótimo uso das comunidades virtuais. Tem perfil em redes como Facebook e MySpace (os similares melhores do Orkut, com grande audiência nos EUA), redes de grupos específicos como Faithbase (religiosos) e BlackPlanet (afros). E possui sua própria rede (chamada de MyBarackObama.com), para reunir grupos de amigos e fóruns de discussão entre os eleitores. Uma curiosidade, Obama é o usuário com mais seguidores no Twiter (site que mostra o que a pessoa está fazendo agora), passando a frente de grandes nomes da própria Internet e celebridades artísticas.

Claro que nem todos os exemplos de campanha na Internet são tão bons. Alguns são até cômicos, como o da candidata a vereadora Havanir, de São Paulo, uma versão feminina do Enéas. O site dela, , tem até a trilha sonora do filme “Rocky, o lutador” e um vídeo, onde toca piano na companhia de seu cachorro.

O sucesso do uso da Internet depende basicamente de quatro fatores:

  • Integração com o restante da campanha (e logo, coerência)
  • Planejamento (que deve ser feito com a ajuda de especialistas em marketing na Internet)
  • Divulgação do site
  • Conteúdo sempre atualizado

Charles A. Müller é publicitário, especialista em marketing na Internet e editor do SiteCharles.com.

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One thought on “Usando a Internet na campanha eleitoral

  • 21/03/2011 em 11:34
    Permalink

    Sou pré-candidato a vereador em Aracaju/SE. Estou em fase final de construção do meu site. Não disponho de capital financeiro,tão pouco, sou cacique do meu partido. Mas gostaria de fazer uma campanha competitiva, inovadora e participativa.

    Resposta

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