As crianças e os marketeiros

Eles são o futuro: comentando o polêmico vídeo das crianças para os profissionais de marketing.

Não estou concordando ou endossando o vídeo mas, realmente ele nos provoca uma reflexão sobre o futuro e também sobre o presente de nossa atividade. Veja:

Comentários

Esta acima é uma versão legendada (clique para abrir no Youtube se não consegue visualizar), o original (com comentários dos autores) está aqui.

O vídeo foi criado por uma agência britânica, a PHD, http://www.phdww.com, especialista em planejamento, pesquisa e aquisição de mídia. Segundo os autores, o vídeo foi criado para uma conferência, é também vídeo promocional da agência e foi feito justamente para estimular a reflexão e o debate.

Minha percepção:

1.    É óbvio que não se tratam de testemunhos espontâneos. As crianças interpretam um roteiro, evidentemente escrito por marketeiros adultos (com a  visão deles sobre o futuro do comportamento destas crianças).

2.    Apesar disto, as crianças são sinceras,  sinalizando sim a forma como pensam e dando pistas (não respostas ou fórmulas) sobre o comportamento do consumidor futuro.

3.    Não se sabe até que ponto isto tem base em alguma pesquisa (uma das atividades da empresa que assina o vídeo) ou apenas contém um mero ponto-de-vista.

4.    O tema é o futuro, mas os sinais estão aí, no momento presente.

5.    Sim, o vídeo é exagerado, propositalmente, para provocar. Mais do que apontar tendência ele causa reflexão.

6.    Sim, as crianças são chatas. O vídeo vale uma reflexão sobre consumismo e postura da nova geração (pode ser visto por outro ângulo se mostrado a profissionais de educação, psicologia e sociologia),  embora o objetivo de sua produção seja discutir sobre a postura do profissional de marketing.

7.    Sim, o vídeo é chato. O tom “ameaçador” chega ao caricato, passa pelo óbvio e encosta no ridículo. Mas, qual o profissional de marketing que não deve se questionar sobre o futuro de sua profissão, já que nossa existência se justifica exatamente em compreender o consumidor e trazer esta compreensão para a prática de marketing (relacionamento e comunicação) das empresas com seus mercados?

Se o tema fosse só Internet eu diria que não é novidade, pois eu mesmo já falei sobre a Internet como interação, lá em 1996, quando a rede surgiu comercialmente por aqui. Se o comportamento das pessoas em relação à Internet é reflexo de seu comportamento geral, então ainda temos muitas empresas que não sabem usar a Internet.

Se o tema fosse comunicação empresarial, eu diria que vem reforçar o velho e “maluco” Manifesto Clue Train (Trem das Evidências) publicado lá no remoto ano de 1999 (leitura obrigatória para qualquer profissional de marketing, mesmo que discorde de quase tudo que o tal manifesto afirma).

Mas, o tema é o comportamento do consumidor. Daí eu digo que os sintomas já estão aí, a pelo menos dez anos. O que fizeram foi dizer isso na voz de atores mirins, para criar mais impacto e nos fazer pensar que o futuro é agora.

Minhas conclusões:

1.    Gostei e ao mesmo tempo não gostei. Por isto revelei minhas percepção na lista acima. Concluo que muitos colegas de marketing vão simplesmente criticar o vídeo , enquanto outros vão aproveitar para repensar seu papel.

2.    Cada vez mais, a comunicação empresarial sai do monólogo para a interação; da oferta para a troca.

3.    Cada vez mais, sua marca não tem sucesso pelo que diz, mas pelo que dizem dela.

4.    Cada vez mais, a informação nas empresas sai dos limites impostos pela diretoria para a transparência exigida no mercado. As empresas estão nuas.

5.    Cada vez  mais, o consumidor está mais informado e a propaganda das empresas não é sua única fonte de informação.  Pelo contrário, excesso de informação recai na necessidade de ser encontrado e relevante.

6.    Cada vez mais, o consumidor exigente é menos fiel às marcas, e quer algo em troca por tudo: sua atenção, seu tempo, seu dinheiro, sua recomendação etc.

7.    O principal da lista que você acabou de ler é o “cada vez mais”.

Por Charles A. Müller

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