Casa do Estudante Universitário – Estudo de Caso ONG

Fundada em 1948, a Fundação Casa do Estudante Universitário do Paraná, a CEU PR ou, carinhosamente, CEU, foi criada para receber jovens que estudam em Curitiba, mas não poderiam custear moradia nesta metrópole.

Pelo clássico e empoeirado prédio branco, de cinco andares altos, situado à Rua Luis Leão entre o Passeio Público e o Colégio Estadual já passaram (e residiram) milhares de universitários graduandos, pós-graduandos e também pré-vestibulandos vindos de várias cidades do Interior do Paraná, de outros estados brasileiros e alguns até do Exterior.

A CEU é participante ativa da História. Fundada por ilustres da época, como o então governador Moisés Lupion, sendo que o próprio presidente Jucelino Kubitschek de Oliveira esteve na inauguração da atual sede, em 1956. Foi palco dos concursos de miss e bailes de gala, viveu toda a época da esperança pós-Guerra, Jovem Guarda e Rock’n Roll. Foi ponto de resistência na época do regime militar e local de debates na época da redemocratização.

Atualmente, vive no dia-a-dia a tendência da responsabilidade e sustentabilidade e em plena “aldeia global”, tem até um bem desenhado site na Internet: www.ceupr.com.br (vale uns cliques para quem desejar conhecer mais da instituição).

Uma característica da CEU é a auto-gestão. A CEU é uma fundação, organização sem fins lucrativos reconhecida, cuja administração é feita pelos próprios moradores. É o estudante de direito sendo conselheiro, o futuro jornalista redigindo o informativo interno, o aluno de química produzindo os itens de higiene e limpeza do prédio, a turma da Informática cuidando da rede interna ou acadêmico de artes plásticas organizando uma exposição. Até algumas atividades simples, mas importantes, são realizadas pelos moradores, com o mesmo empenho, como pequenas reformas, a recepção, a monitoria da biblioteca etc.

Enfim, uma verdadeira escola de voluntariado convertido em experiência prática que se soma ao aprendizado da Faculdade.

É o caso deste articulista que nas longas horas de trabalho voluntário, adquiriu importante e insubstituível experiência em marketing institucional, terceiro setor, gestão e cidadania. Escrever estes parágrafos trás à tona, com emoção, as memórias do conhecimento, da amizade e de uma importante fase da vida.

Além da função da moradia para os estudantes, a CEU é um verdadeiro centro de conhecimento multidisciplinar. Afinal, num mesmo prédio moram dezenas de universitários das mais variadas áreas. Está com dúvida em matemática? Fale com o vizinho graduando nesta área. Precisa rever um texto? Alguém do quarto andar deve cursar letras. Esta amizade com pessoas de naturalidade e vocações tão distintas contribui para a formação acadêmica dos ceuenses, dando verdadeiro significado à palavra “universitário”.

Isto se reflete nos projetos sociais conduzidos na CEU, formavam-se equipes de futuros engenheiros, médicos, professores, comunicadores, administradores, todos contribuindo com o conhecimento adquirido em seus respectivos cursos.

A função social da CEU não está em apenas prover moradia de baixo custo aos estudantes. Muitas atividades lá desenvolvidas beneficiam a própria comunidade.

A história desta fundação registra alunos de medicina, odontologia e enfermagem prestando pré-atendimento e programas preventivos para pessoas carentes; estudantes da área artística promovendo reintegração social de menores de rua. E o espaço da casa, sempre cedido para as atividades culturais, educacionais e esportivas.

Por outro lado, a CEU carece de apóio, para reformas relevantes e de maior custo e para prover mensalmente melhores serviços. Falta enfim, uma estrutura mantenedora.

Mesmo com os problemas que enfrenta e com a redução da demanda pela residência estudantil, visto que muitas cidades do Interior agora ofertam cursos superiores e na própria Capital proliferam pensões de baixo preço, a CEU segue década a década sendo morada para o universitário e também para o desenvolvimento do país.

Por Charles A. Müller, formado em Comunicação (Publicidade), foi morador da CEU entre 1996 e 2000, onde trabalhou como Diretor Voluntário de Marketing.

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